segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Sorrisos e só.

Ela estava sentada na calçada quando cheguei.
Eu não reparei.
Eu estava esperando minha carona.
Ela me mostrou o dedo num gesto ofensivo. Quando me deparei, parei.
Congelado em quadros até o momento no qual ela sorriu, e aquele sorriso partiu minha seriedade.
Também ri e rindo assisti seu sorriso.
Assim o tempo se tornou curto e quando vimos era hora de irmos embora.
Quem sabe numa outrora nos encontremos no mesmo lugar e assim possamos sorrir sem partir.

sábado, 11 de agosto de 2012

O fogo e suas recordações



Era noite e estava frio. Todos se juntavam para fazer uma fogueira.
"Coloquem mais lenha. Coloquem mais álcool." Eu dizia.
Depois de um dia todo de festas, ótimo churrasco todos queriam apenas descansar. Eu olhava para a madeira queimando.
Algumas pessoas me olhavam estranho. Eu me importava em fazer o que eu queria. Eu ainda me importo.
Eu me importava em falar o que desejava, não no que queriam ouvir. Hoje penso mais.
Eu olhava para o fogo e estava preso a sua presença.
"Isso me fascina" dizia para a garota ao meu lado.
Ela ria, talvez não entendesse muito bem o que eu estava querendo dizer. E mesmo assim eu também não me importava.
Sem pensar em nada, apenas jogando o pensamento para tão longe que me desencontrasse.
Quem poderia imaginar nas coisas que iriam acontecer desde aquele momento.
São fases e fases que se diferem. Nos fazem pensar na diversidade de caminhos que seguimos.
Que dia maravilhoso, talvez algum dia eu me desapegue dele. Se não acontecer, sempre vou ficar feliz em lembrar.
Apesar de não pesar.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Novo rumo

Fernando estava ansioso demais. Seu pé estava apertando o limite do acelerador, o ponteiro do velocímetro já marcava 140 km/h, por alguns instantes fechava os olhos, pegava a garrafa de bebida ao seu lado e tomava mais uma larga dose. Agora o ponteiro já marcava 170 km/h, ele não fazia a mínima ideia para onde estava indo.
Estava numa estrada escura, e o reflexo da luz dos outros carros atrapalhavam sua visão. Quando chegou a atingir a velocidade de 200 km/h em uma decida, uma luz ofuscante o cegou. Agora ele estava em pé fora do carro. Ele via na sua frente o homem que ele havia matado. Ajoelhou-se no chão e pediu desculpas ao homem, quando percebeu que não estava mais em seu carro. Assustou-se e correu tentando se afastar do homem. Viu seu carro capotado na pista e entendera que estava morto.
Deveria ele agora lutar por sua alma contra o homem ao qual ele estava em débito?  Ele logo pegou uma pedra no chão e foi com todo fervor para cima do homem. O qual não se mexeu e apenas disse : "Eu te desculpo". Fernando caíra no chão e começara a chorar. 


Perguntou  ao homem "Você não acha injusto ter morrido tendo sido tão bom e tão prestador com todas as pessoas, enquanto eu mesmo tendo te matado vivi bem mais. O homem sorriu e respondeu: "Fernando, veja aonde você está agora. Estamos no mesmo lugar, a estrada que cruzamos para chegar até aqui, os atos que tomamos para seguir nessa estrada, não definiu nossos destinos finais."

Fernando acordou no hospital no dia seguinte. Estava totalmente quebrado, os médicos achavam um milagre ele ainda estar vivo. Porém no fundo de sua consciência Fernando sabia porque estava vivo. Chegara a hora dele mudar, de abandonar a vida que tinha e tomar um novo rumo, a uma direção que também não sabe o destino, mas que terá certeza que será melhor do que o último.



Eduardo Santos

domingo, 29 de abril de 2012

O Coelho azul

Viajando pelas estradas de Minas Gerais, e admirando sua imensidão de curvas consecutivas me deparei com um coelho no meio da pista.
Rapidamente desviei o carro e parei no acostamento para observar o que parecia ser a cena mais diferente a qual havia me deparado.
O pobre coelho parecia ter sido atropelado. Desci do carro e fui vê-lo.
Perguntei sem esperar uma resposta; como se um simples pensamento fosse expresso sem minha vontade em voz alta: - Está bem, amigo?
Ele pulou na minha frente.
Parecia embriagado e me disse: - Preciso de uma carona companheiro, até onde você for.
Ele trazia um estranho sorriso e era totalmente azul.
Eu logo estranhei a embriaguez do coelho, que até me esqueci que ele estava falando.
Falei: - É claro, pode subir.
Ele rapidamente subiu no carro, não sem antes tomar mais um gole de alguma coisa que carregava num garrafa. Lembrava Vodka, mas estranhei a cor.
Contudo, preferi não comentar e continuamos nosso trajeto pela estrada.
Ele me pareceu estar transtornado. Enfiou sua pequena cabeça para fora da janela e começou a gritar. Ao som de Guns´n Roses começava sacudir a cabeça. Dei uma risada e sacudi minha cabeça também. Achei sensacional. Ao chegarmos numa pequena cidade, ele já estava um pouco melhor. Era noite e começamos a filosofar sobre as estrelas e o papo foi até um nível a respeito de formação delas e do universo.
Se sempre achei um barato encontrar pessoas diferentes, imagina então seres diferentes.
Simplesmente fantástico.
Amei seu jeito totalmente contrário de observar as coisas, era bem mais atento a natureza. Ele se incomodava um pouco com o balanço do carro. Mas ao mesmo instante também observei que ele amava o ronco do motor e o vento vindo da janela.
Chegamos até meu destino e tive que me despedir dele. Com um pesar deixei que ele fosse sem saber se encontrara seu destino. E fiquei feliz pois mesmos sabendo de nossas diferenças conseguimos ser próximos.

Eduardo

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A mãe e a criança.

Observei a mãe e a criança.
O amor da mãe era maior pelo filho que por si mesma.
O filho não entendia todo esse amor, e mesmo assim retribuía na mesma medida.
A mãe era pura por amar a criança de maneira inteira.

Um dia o filho fez por mera brincadeira um passo perigoso
e quase perdera a vida.
A mãe já não era mais pura.
E na confusão teve que repreende-lo.
O filho não entendera. Se assustou. Se afastou.
E a mãe se arrependera, mesmo sabendo que era necessário fazer o que fez.

Essa cena marcou a infância da criança.
Mas por mais difícil que seja de entender. 
Marcou o resto da vida daquela mãe.

Eduardo Santos



sexta-feira, 16 de março de 2012

Pessoas, horas e lugares.


Levantou da cadeira rapidamente, segurou o braço da menina antes que ela pudesse sair do restaurante.
Olhou em seus olhos e disse:

- Sabe que tudo que te disse é verdade, ainda posso reverter as coisas - Disse olhando em seus olhos, percebendo que era irreversível .

Ela deu um tapa em seu rosto e o olhou com fúria. Saiu correndo e chorando.
Ele passou a mão no rosto e se lembrou da primeira vez que a viu. Quando a encontrou num shopping, e ao cruzar seus olhares eles conseguiram enxergar além da aparência. Ela se assustou, sabia que ele não era do melhor tipo de pessoa. Que ele tinha em si uma vida cheia confusões e problemas. Mas ainda assim, foi atrativo e ela quis se aventurar. Ele via uma menina quieta, inteligente.
Começaram um relacionamento sério, tiveram vários momentos ruins. Ele se drogara e ela descobrira, eles tinham inúmeras discussões.
Ele tinha se drogado novamente, mesmo depois de varias promessas. Dizia que amava-a acima de tudo. Mas seu vício era maior que o amor por ela.
Após uma nova noite alucinado passara mal. Ela foi visita-lo no Hospital.Ela chorou por vê-lo naquele estado. Ele a vendo chorar prometeu pela sua ultima vez que não usaria mais nada.

Nesse dia no restaurante, no qual eles foram almoçar, ela olhou em seus olhos e percebera que ele não tinha cumprido a promessa, não entendeu como se sucedera os acontecimentos, como alguém podia mentir em sua frente depois de tanto tempo juntos. Mas não poderia continuar com ele, naquele momento ela sabia disso, pois a mentira era o que mais a feria. Seu sentimento por ele acabou nesse instante, apenas sua tristeza ficou.

Após alguns anos, eles se encontraram novamente. Em uma nova etapa de vida de cada um deles, em uma festa. Os olhares novamente se cruzaram, mas não houve atração, ele já não se drogava desde aquele dia no restaurante. E não havia mais nada de perigoso e ameaçador no seu olhar. Já no olhar dela podia se ver uma  mulher que não se importara mais com a questão que levara a separação. Ambos continuaram andando sem mais nada a pensar.

Muitas vezes acontece de acharmos as pessoas certas nas horas erradas, e pessoas erradas nas horas certas.

16/03/12
Eduardo Santos

segunda-feira, 12 de março de 2012

Mortos pelo sentimento




Ele ficou paralisado. Não queria continuar onde estava. Seu coração batia forte e um aperto no seu peito o impedia de fazer qualquer coisa. Seus olhos se encheram de lágrimas, mas não chegou a chorar. Virou o rosto e percebia que a tristeza o invadia com uma força e com uma velocidade que dominaram sua consciência. Ele via a mulher com a qual esteve por muito tempo, beijando outro intencionalmente para machuca-lo. Já tinha certeza de que não a mais teria desde que o relacionamento terminara. Porém esse evento o transformou, em alguma criatura com a qual ele não conseguiria controlar. Ele tinha fugido do seu lado humano para ser livre daquele sentimento. 
Ele era agora um criatura qualquer, pois seus sentimentos haviam morrido com aquela cena. Andava mais e mais sem saber para onde ia, ficou perdido por muito tempo.
Um certo dia porém, a encontrou, gélida, sem expressão, e sem orientação sofrendo os efeitos do destino pelo mal que havia feito a ele. Olhou-a e não sentiu nada, pois percebera que depois daquele evento, ela também havia morrido, e ambos no mundo dos mortos seguiram suas vontades e não mais seus sentimentos. Voltou a andar a fim de encontrar um caminho.

12/03/12 

Eduardo Santos